Apreciação final: 7/10
Edição: EMI, Junho 2005
Género: Pop-Rock
Três anos depois da edição de A Rush of Blood to the Head (2002), disco que validou definitivamente os Coldplay como emblema mais luminoso da cena pop britânica e universal, os pressupostos do quarteto britânico liderado por Chris Martin são idênticos: harmonias suculentas e zelosas, cenários introspectivos e um timbre pop etéreo inconfundível. Se é verdade que o efeito novidade se esbateu nos primeiros dois discos dos Coldplay e não consta abertamente do repertório de X & Y, é também um facto que a banda se desafia a si mesma neste trabalho, (re)dispondo os ingredientes sónicos e destapando critérios renovados. Vestígios de maturação criativa? De facto, o núcleo essencial da assinatura Coldplay sai reforçado deste trabalho e os rapazes deixam ainda margem para redimensionar a produtividade das composições, conferindo-lhes uma dimensão teatral com um toque de fertilidade orgânica. O imaginário de X & Y é povoado pela dúvida, pelo anseio, pela esperança e pelo amor, trazidas ao ouvinte na voz dúctil de Martin. Formulismo? Talvez...mas quando uma banda se cinge a uma fórmula ergonómica e a administra como ninguém, o mérito é óbvio. Além do mais, X & Y invoca elementos novos: teclas a ambientar, num estilo Brian Eno, percussões mascaradas de dançarinas, a nostalgia da pop 80's e guitarras com trejeitos de bússola.
X & Y não é um disco memorável mas é uma réplica consistente à onda de expectativas quase irrealistas em torno do disco e um depoimento consistente de uma banda cujo propósito maior é fazer a melhor pop do planeta. E se com Parachutes (2000) e A Rush of Blood to the Head (2002) eles estavam perto desse objectivo, com X & Y juntam um ponto final indelével à sua declaração de afirmação sincera: os Coldplay são o mais conforme projecto musical a ocupar o trono da pop. Com canções como "Square One", "What If" ou "Talk", eles merecem-no inteiramente.
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