quinta-feira, setembro 22, 2005
Ascent
Bernardo Sassetti Trio 2
Todos sabem (ou imaginam) que o desafio de comunicar, a espontaneidade, a harmonia, o conflito de sons e ideias, assim como a energia sob várias formas e feitios, serão sempre lugares comuns quando falamos de música, escrita ou improvisada. Interpretá-la no momento é a expressão máxima do nosso caminho e a constante procura de caminhos outros. Eu gosto de pensar que talvez seja a vontade de olhar para dentro e, do silêncio interior, dar sequência a algumas (possíveis) imagens da nossa memória e, ao mesmo tempo, do preciso momento em que o som e a ideia são lançados; mas o maior desafio de todos é, para mim, a incerteza na procura de outros lugares, indefinidos e muito longe daquele onde vivemos – quando deixamos para trás os nossos instrumentos. Muitas vezes, penso em música como uma forma de desconstrução, e consequente construção, do discurso musical, e também como representação de imagens abstractas, presentes na consciência imediata. Estas ganham ainda maior dimensão quando, em conjunto com outros músicos, surgem como “movimentos” dramáticos, objectivos mas também indefinidos, das “histórias” que nos propomos contar. Música, essa questão cada vez mais sem limites. Talvez seja o reflexo da nossa vida; talvez seja a realidade juntamente com o universo dos sentidos. Porém, mais do que a própria realidade, este é o espelho das coisas que dela imaginamos. Do silêncio e de regresso a ele, as imagens (em forma de música) terão sempre um carácter abstracto, suspenso, inacabado... Ascent é dedicado a José Álvaro Morais, cineasta com que trabalhei no seu último filme, Quaresma. Foi ele que me indicou o caminho do silêncio e a sua importância na arte.
Bernardo Sassetti
Programa
Do Silêncio
Revelação
El testament d’Amèlia
Ascent
De um instante a outro
Como quem diz
Reflexos, mov. Contrário
Um dia, através do vidro (Parte I; Parte II)
Outro lugar
Naquele tempo
(In)diferente
Da noite
Todas as composições são da autoria de Bernardo Sassetti, excepto El testament d’Amèlia – de inspiração popular catalã, adaptado por Federico Mompou. Como quem diz é baseado em Cantiga do campo – de inspiração popular portuguesa, adaptada por António Fragoso. Do silêncio, Revelação e Naquele tempo fazem parte da partitura original para o filme A costa dos Murmúrios (2004), de Margarida Cardoso. Todos os arranjos são da autoria de Bernardo Sassetti.
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Violoncelo Adja Zupancic
Piano Bernardo Sassetti
Vibrafone Jean-François Lezé
Contrabaixo Carlos Barretto
Bateria Alexandre Frazão
Apresentação oficial do novo disco de Bernardo Sassetti, Ascent
“Music, that increasingly limitless matter. Maybe it is the reflection of our life; maybe it is reality together with the realm of the senses. However, more than reality itself, this is the true mirror of the things we imagine it to be. From within silence and back, the images (in the form of music) will always have an abstract, suspended, unfinished quality... Ascent is dedicated to filmmaker José Álvaro Morais, with whom I worked in his latest film, Quaresma. He taught me the ways of silence and its importance in art”.
Bernardo Sassetti
This concert marks the official presentation of Ascent, the newest album by Portuguese pianist Bernardo Sassetti.Fonte:
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