quarta-feira, dezembro 07, 2005

Bodyspace

Nas prateleiras do Grande Arquivo Universal do Jazz, o hipotético local mágico onde estariam guardados todos os discos de jazz alguma vez gravados, os discos não seriam discriminados. Giant Steps de John Coltrane estaria ao lado de Timeless de John Abercrombie, Jay Hawk Talk de Carmell Jones estaria ao mesmo nível de The Black Saint And the Sinner Lady de Charles Mingus. E, a par com as gravações dos Hot Five e Hot Seven de Louis Armstrong, ficaria o disco The Louis Bellson Explosion. Assim, democraticamente iguais. Talvez desta forma muitos discos tivessem oportunidade de ser ouvidos que de outra forma não teriam ou porque, por preconceito, o autor não é tido em grande conta ou porque alguém definiu previamente que aquela obra é menos relevante que outra e, como tal, vai-se directamente ao mais importante, excluindo-se tudo o resto. A isto chama-se processo de filtragem e é obviamente necessário. Seria impossível no tempo de vida ouvir os discos todos e uma selecção prévia ajuda a escolher o que à partida não interessar tanto para deixar espaço para usufruir do material realmente valioso. Mas também é verdade que pelo filtro se perde muita coisa.Bodyspace O que é o Bodyspace Às vezes é só uma música, uma voz, aquilo que nos desperta e move para conhecer melhor um artista. Às vezes vamos pela conversa dos outros, dos que respeitamos e que têm um gosto musical suficientemente interessante para que não seja um crime deixarmo-nos influenciar. Às vezes queremos dar a conhecer a "nossa" música e fazê-la de todos. O Bodyspace surge precisamente neste último tópico, como um ponto de encontro de diversas linguagens e interesses musicais, e como centro de partida e chegada para uma comunidade de melómanos cada vez maior e mais exigente. Às vezes a música vive por si, mas de vez em quando precisa que os outros lutem pelo seu reconhecimento. Gostamos do que fazemos! Às vezes? Sempre.

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