Apreciação final: 7/10
Edição: Staubgold, Abril 2006
Género: Música Improvisada/Experimental
Sítio Oficial: www.staubgold.com
Se há na música americana um projecto musical de vistas nómadas, orgulhosamente free e misterioso, esse colectivo são os nova-iorquinos No-Neck Blues Band. Até Thurston Moore, guru dos Sonic Youth, já lhes pôs rótulo: "a melhor banda do universo". Eles andam neste ofício há mais de uma década, a manejar virtuosamente o jazz livre, o noise experimental, a folk psicadélica, maquinando ambientes sonoros emblemáticos, graças a uma massa musical tão espessa e elástica que parece fruto de uma alucinada jam session de improviso.
A outra metade deste álbum é fornecida pelos germânicos Embryo. Com cerca de 30 anos de filiação aos motivos krautrock, o ensemble liderado pelo vibrafonista Christian Burchard é uma quadrilha de salteadores que, percorrendo os quatro cantos do mundo, se entretém a furtar pedacinhos musicais das mais variadas etnias e tradições, misturando-as depois num cenário de rock-jazz espacial e progressivo.
Com tais artesãos, EmbryoNNCK nunca seria fastidioso. Não há espaço para a monotonia, a cada viragem há uma surpresa tão ambígua quanto inopinada. O improviso informal dos No-Neck Blues Band deixa-se tingir pelas cores perfumadas das excursões étnicas dos Embryo, num fluido musical que fica nas cercanias do excesso mas que, ao invés disso, se converte num concentrado apurado e versátil, um punhado de ideias que não paralisam, se multiplicam em si mesmas, em mutações sucessivas. É por isso que EmbryoNNCK, como bom produto transviado (música fora de sítio, entenda-se), não aceita catálogos, é antes um circo de sons do mundo, um jogo de estrofes sonoras que nem parecem completas, mas cuja integridade é mesmo essa, a contingência de uma sublimação sem forma e sem pontos finais. Depois, escutar EmbryoNNCK é aceder a um espaço de subúrbio, onde uma mini-orquestra lança exercícios estéticos sem medo de exorbitar. O senão desta bela: o álbum, a despeito das óbvias sinergias entre os envolvidos, não se exime a um declive de repetição que, em último caso, não manchando a distinção das composições as faz semelhantes demais para não serem confundíveis.
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